Em uma sociedade cercada por muros altos e prédios de vidro, a população é rigidamente controlada pelo Benfeitor, que impõe uma única maneira de pensar. Os habitantes tornaram-se meras peças em um jogo, no qual qualquer um que tentar escapar das regras pode sofrer consequências letais. Com a natureza escondida atrás da imponente Muralha Verde, as pessoas vivem sem a possibilidade de desfrutar de privacidade, alegria, paixão e inovação.
A história é narrada através das anotações de D-503, um engenheiro fervorosamente dedicado ao Estado Único e ao Benfeitor, encarregado de construir uma nave espacial para disseminar a doutrina do governo em outros planetas. Esta doutrina prega que a felicidade é garantida pela submissão total ao governo e pela crença absoluta na racionalidade.
Mas o destino tem outros planos para ele. D-503 passa a viver um conflito pessoal e começa a enfrentar um dilema entre seus sentimentos emergentes e as normas de uma sociedade claustrofóbica. Ele se arrisca ao se apaixonar por I-330, uma mulher corajosa e rebelde, integrante de um movimento de resistência clandestino que o leva além dos limites do Estado Único.
À medida que uma rebelião se inicia, o Benfeitor descobre que os inimigos são numerosos e não planejam apenas derrubar o Estado, mas mudar o curso da sociedade dali em diante.
Pioneira sátira futurista distópica, este romance é inspirado nas experiências de Zamiátin durante as Revoluções Russas de 1905 e 1917. Embora tenha sido escrito no início da década de 1920, Nós foi publicado pela primeira vez em inglês, em 1924, em Nova York, pois estava banido na União Soviética devido à censura vigente. Muitas vezes, suas edições, inclusive no Brasil, deixaram de ressaltar o contexto histórico em que foi criado, tratando-o como uma alegoria da humanidade.
É impossível não estabelecer paralelos com 1984 de George Orwell, escrito posteriormente e profundamente influenciado por Nós.
A obra permanece como uma poderosa lembrança da liberdade individual. Além de ser uma ficção científica fascinante que ultrapassa as barreiras do tempo, oferece-nos uma mensagem de incrível força filosófica e política.