A saga descrita por Joan Lowell em Terra prometida consiste em uma crônica fascinante que relata sua chegada ao Brasil na década de 1930. Lowell, ex-estrela de Hollywood que contracenava com Charles Chaplin, pinta uma imagem vívida de suas supostas aventuras em seu desbravamento das terras de Goiás. São histórias repletas de encontros inusitados e personagens memoráveis, mas a linha entre realidade e ficção é quase sempre borrada, fazendo com que o leitor se indague se a história narrada por Lowell é de fato verdadeira.
O ápice dramático da trama ocorreu em julho de 1957, quando Lowell foi presa em Anápolis por estelionato. Como corretora de imóveis, a atriz arquitetou fraudes cometidas contra personalidades de Hollywood. A promessa de uma vida tranquila no Brasil despertou o interesse de estrelas como a diva da Broadway Mary Martin e seu marido, o produtor Richard Halliday, bem como Janet Gaynor, a primeira atriz a receber um Oscar, e seu marido Gilbert Adrian, o figurinista de O Mágico de Oz - casal retratado na capa desta edição. "Dona Joana" (como era chamada Joan Lowell pelos habitantes locais) acabou vendendo terrenos fictícios, o que resultou em um escândalo digno de roteiro cinematográfico. A habilidade de Lowell em persuadir essas figuras a investirem em propriedades inexistentes é um testemunho de seu talento narrativo e de sua capacidade de manipulação.