A bela e misteriosa Lisboa dos anos 1960 se descortina sob os olhares atentos e as reflexões da juventude de Rui Maria e do mano Filipe, burgueses de uma família abastada da Avenida, que logo cedo se dão conta dos abismos sociais entre as famílias lisboetas, embora compartilhassem a mesma dimensão espaço-tempo. As perdas emocionais da infância, o amadurecer dos sentidos e os ganhos materiais da vida adulta daqueles dois jovens intercalam-se neste romance sedutor, em um movimento pendular marcado pelas férias na Linha de Cascais, exatamente nos longos e preguiçosos meses do verão, adornado pelas marés de setembro, quando tudo enche-se de sol e calor e é possível a renovação, até que chegado o primeiro de outubro e as azáfamas do cotidiano. Eis que irrompe a Revolução e militares estão a ocupar Lisboa. Pedro Chambel, ganhador do Prémio Autor 2018, é publicado nesta edição com um livro que é o retrato de Portugal e que resgata a memória da ditadura salazarista com as lentes de quem tem pressa de viver, de quem é capaz de saborear conquistas capazes de mudar todo um país, ou pelo menos a sua própria cidade.